22 de julho de 2007

Servico Biblico Latino Americano

Domingo, 22 de julho de 2007
16º Domingo do Tempo Comum

Santos do Dia: Santa Maria Madalena (Memória), Cirilo de Antioquia (bispo) , Menelau de Ménat (abade) , Pancário de Besançon (mártir) , Filipe Evans e João Lloyd (presbíteros, mártires) , Plato de Ancira (mártir) , Síntico de Filipos (citado por São Paulo em Fl 4, 2-3) , Teófilo de Chipre (mártir) , Wandregísilo (abade) .

Primeira leitura: Gênesis 18, 1-10a
"Não passeis adiante sem vos deterdes em casa de vosso servo".
Salmo responsorial: Sl 14 (15), 2-3ab. 3cd-4ab. 5 (+ 1a)
Senhor quem há de morar em vosso tabernáculo?
Segunda leitura: Colossenses 1, 24-28
O mistério que Deus revelou agora a seu povo santo.
Evangelho: Lucas 10, 38-42
Maria escolheu a melhor parte e não lhe será tirada.

O texto da primeira leitura nos apresenta uma cena familiar. Abraão, sentado ante a tenda, recebe a visita do Senhor. Abraão o recebe com hospitalidade. Deus o premia com a fecundidade de Sara.

Três traços fundamentais caracterizam o texto: a fé de Abraão, ao reconhecer o Senhor. A hospitalidade com que o Senhor é recebido e a familiaridade de Deus com Abraão e sua família. É um belo exemplo da relação e acolhida de Deus pelo ser humano, a única possível para caminhar.

Voltamos a encontrar na segunda leitura de hoje o pensamento de Paulo sobre o mistério de Deus e sua revelação por meio da pregação e a contribuição de Paulo para essa revelação pelo sofrimento. Cristo revela a riqueza de Deus na pobreza da cruz e o apóstolo será seu distribuidor a homens e mulheres.

Um primeiro comentário ao evangelho de hoje:
Lucas nos apresenta finalmente uma história pertencente às tradições recebidas pelo evangelista no círculo de seus discípulos, especialmente mulheres. Marta e Maria, irmãs de Lázaro, recebem o Senhor em sua casa.

O caso de Marta e Maria é aproveitado uma vez mais por Lucas para ressaltar o valor da escuta da palavra de Deus. Sem entrar na teoria do valor da contemplação sobre a ação, que comumente se costuma ver nas atitudes opostas de Marta e Maria, o que é certo nessa história é que o reino de Deus não pode ser deixado de lado pela preocupação demasiada e exclusiva pelas realidades terrenas. Por outro lado, escutar a palavra de Deus é tudo, menos ocasional.

Encontramo-nos com um quadro familiar no qual Jesus visita a umas amigas suas na casa delas. Marta se desdobrava para atender aos hóspedes, e Jesus a repreende porque ficava inquieta "com tantas coisas". Marta não encontra a ajuda de ninguém. A irmã, com efeito, sentada aos pés de Jesus, está completamente absorta em ouvi-lo.

O Mestre não aprova aquela ânsia, agitação, dispersão, o andar em mil direções daquela dona-de-casa. Qual é, pois, o erro de Marta? É ela não entender que a chegada de Cristo significa, principalmente, a grande ocasião que não podia perder, e por conseguinte a necessidade de sacrificar o urgente ao importante.

Mas o desajuste no comportamento de Marta provém, sobretudo, do contraste com a postura tomada por sua irmã. Maria, diante de Jesus, escolhe "recebê-lo", Marta, pelo contrário, toma decididamente o caminho do dar, do agir; Maria se coloca no plano do ser e dá primazia à escuta.

Marta se precipita em "fazer" e aquele "fazer" não parte de uma escuta atenta da palavra  de Deus, e conseqüentemente corre o perigo de se tornar um estéril "girar no vazio". Marta se limita, apesar de todas as suas boas intenções, a acolher Jesus em casa. Maria o acolhe "dentro", torna-se seu recipiente. Oferece-lhe hospitalidade naquele espaço interior, secreto, que foi disposto por ele, e que para ele está reservado. Marta oferece a Jesus coisas, Maria se oferece a si mesma.

Conforme o julgamento de Jesus, Maria escolheu imediatamente, "a melhor parte" (que, apesar das aparências, não é a mais cômoda: torna-se muito mais fácil mover-se que "entender a palavra"). Marta, infelizmente, que não quer que falte nada ao importante hóspede, que está atenta a tudo, deixa passar clamorosamente "a única coisa necessária". Marta reclama com Jesus, mas não sabe o que ele quer.

O problema é precisamente este: descobrir pouco a pouco o que é que Jesus quer de mim. Por isso, é necessário parar, deixar o ir e vir e tirar tempo para escutar a palavra de Jesus e compreender qual é realmente a vontade de Deus sobre minha vida.

Um segundo comentário ao evangelho de hoje:
No evangelho de Lucas, o caminho de Jesus a Jerusalém marca uma progressiva manifestação do Reino. À medida que avança, vai formando as discípulas e os discípulos em atitudes de misericórdia, de abandono das pretensões de poder, e na atenta escuta da Palavra. Nesse caminho, do mesmo modo que os missionários que anunciam sua presença, Jesus é recebido por duas mulheres numa casa de família.

Lá se depara com duas atitudes diferentes. Uma, de total atenção e escuta, a outra, de ansiedade com os afazeres domésticos. A agitação da vida diária havia tomado conta de Marta e, provavelmente, tinha-a tornado surda à palavra de Deus. Ele recebe Jesus mas não o escuta.

Embora Jesus entre em sua casa, ela o deixa na porta. Jesus propõe um plano cuja finalidade era formar verdadeiros ouvintes da Palavra – autênticos discípulos – que Marta não está disposta a atender.

Maria, ao contrário, compreende bem o projeto de Jesus e rompe com os preconceitos culturais de sua época. No lugar de andar atarefada com os trabalhos domésticos "próprios das mulheres" ("as tarefas próprias de seu sexo", como durante muito tempo se pensou), põe-se "aos pés do Senhor para ouvir sua palavra". Aquele gesto, reservado então culturalmente aos discípulos homens, credencia-a como discípula.

Marta, ao se cansar com o interminável trabalho da casa, questiona a contraditória atitude de Maria e interpela o Mestre para que "ponha a sua irmã em seu lugar". Jesus lhe dá uma resposta inesperada: felicita Maria porque acertou em sua escolha e repreende Marta por se deixar envolver nas preocupações cotidianas sem atender ao mais importante. Efetivamente, Maria fez a melhor opção, a única necessária para pôr-se no caminho de Jesus e ser seu discípulo: decidiu aprender a escutar a Palavra e se deixa interpelar pela presença do Mestre.

Em sua caminhada, pois, Jesus vai formando seus seguidores nas atitudes indispensáveis para chegarem a ser verdadeiros discípulos. Uma dessas atitudes é a de escutar atenta e serenamente sua Palavra. Atitude que exige romper com o ritmo louco e interminável da vida do dia-a-dia para pôr-se, serena e atentamente, aos pés do Mestre. É aquela escolha que aos olhos da eficiência pode parecer superficial e inútil, é uma condição fundamental para chegar a ser um autêntico discípulo.

Nós, hoje, experimentamos um ritmo de vida mais agitado que em outras épocas. Os meios proporcionados pela tecnologia para poupar tempo... também multiplicam as ocupações e acabam nos fazendo cair num ativismo desenfreado. E o excesso de preocupações nos leva a esquecer o fundamental...

Nosso cristianismo se converte assim num tímido cumprimento de algumas obrigações religiosas, sem espaço para a escuta da Palavra. Exortam-nos, bombardeiam-nos continuamente com mensagens que nos convidam a ser "eficazes, produtivos e competitivos"... Mas com Marta e Maria, Jesus nos interpela e nos convida a respeitar a hierarquia de valores e a pôr no devido lugar a "opção pelo fundamental": colocarmo-nos a seu pés e ouvir sua palavra. Jesus nos chama a um cristianismo que seja um verdadeiro discipulado.

Para aprender a lição do Mestre, devemos nos formar na escuta atenta da Palavra na Bíblia e na vida. A Bíblia não pode permanecer guardada na gaveta, enquanto nos ocupamos num interminável torvelinho de afazeres cotidianos. A palavra de Deus foi feita para caminhar conosco passo a passo, dia a dia, minuto a minuto; para ensinar-nos a viver em comunidade a solidariedade que torna efetivo aqui e agora o reinar de Deus; para ajudar-nos a escutar a Palavra que Deus nos dirige na difícil realidade de nossos povos: nas inumanas condições das grandes cidades, na solidão e no isolamento dos campos. Devemos, portanto, optar pelas atitudes que nos transformam em verdadeiros discípulos de Jesus e em autênticos cristãos.

Para conversão pessoal
• Na faina diária, temos tempo para escutar atenta e serenamente a Palavra que Deus nos dirige na Bíblia e na vida?
• Somos críticos ante nosso próprio ativismo e ânsia de eficácia, ou estes estão também tomando conta de nós como novos "absolutos" em nossa vida?

Para a reunião da comunidade ou do círculo bíblico
Marta, Maria... e a outra Maria. Maria, a irmã de Marta escolheu "a melhor parte". Maria, a mãe de Jesus, não escolheu algo melhor que "a melhor parte"? O que escolheu? Comentar, tanto sob uma perspectiva teológica, quanto de espiritualidade, sobre as relações entre "a contemplação e a ação".

Para a oração dos fiéis
• Por toda a Igreja de Deus, para que seja sempre tanto serviçal e samaritana quanto orante e contemplativa, rezemos ao Senhor...
• Para que não sigamos os passos de Marta nem de Maria, mas os de Jesus, que viveu em harmonia e em síntese ajustada a oração e a ação...
• Pelos homens e mulheres que vivem em comunidades e mosteiros o carisma da contemplação: para que suas comunidades estejam em sintonia sempre com as necessidades do mundo e se abram como escola de oração e de contemplação para toda a comunidade humana...
• Pelas várias comunidades que redescobriram a oração, para que ela as leve a um compromisso de serviço e solidariedade...
• Por todos os que vivem o serviço e a solidariedade, para que os alimentem com a oração e saibam "contemplar" Deus nos rostos dos pobres...

Oração comunitária
Ó Deus, Pai nosso, que em Jesus nos mostraste "o caminho": ajuda-nos a encontrar como ele a síntese harmoniosa entre a oração e a ação, entre contemplar-te e obedecer-te, o servir-te a ti e servir aos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, teu Filho...

Clique aqui para ver esta página no site do Serviço Bíblico

O Serviço Bíblico é contra a prática de SPAM. Você optou por receber nossos e-mails em seu cadastro. Caso não queira mais receber nossos e-mails, envie um e-mail para maciel@avemaria.com.br solicitando o cancelamento.

Arquivo do blog