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Domingo, 8 de julho de 2007 Santos do Dia: Adriano III (papa) , Alberto de Gênova (monge) , Apolônio de Benevento (bispo) , Áquila e Priscila (casal amigo de São Paulo, citado em At 18,3 e Rm 16,3-4) , Arnaldo de Julich (leigo) , Auspício de Toul (bispo) , Auspício de Trèves (bispo) , Grimbaldo de Winchester (abade) , Landrada de Munsterbilsen (virgem) , Morvena de Cornwall (virgem) , Procópio de Citópolis (mártir) , Urita de Chittlehampton (virgem) , Witburga de Dereham (virgem) . Primeira leitura: Isaías 66, 10-14c Isaías 66, 10-14: Como a uma criança a quem sua mãe consola, assim eu os consolarei. A figura de Deus-Mãe é muito querida dos profetas. Sem dúvida, a experiência familiar do pai, da mãe e dos filhos, é talvez a mais admirável e compreensível para todos, quando se quer falar do amor de Deus. Quando a Bíblia fala de Deus-Pai, certamente não está determinando o gênero masculino da divindade. É certo que esta denominação e esta tradução estão condicionadas sociologicamente e sancionadas por uma sociedade de caráter varonil. Mas realmente não se deseja conceber Deus simplemente como um homem. Sobretudo, nos profetas, Deus é apresentado com traços femininos maternais. A noção de Pai aplicada a Deus deve ser interpretada simbolicamente. Pai é um símbolo patriarcal com traços maternais , de uma realidade transumana e transexual que é a primeira e a última de todas. O profeta Oséias, no capítulo 11, apresenta-nos um dos trechos mais belos do Antigo Testamento. A experiência do amor de Deus leva o profeta a proclamar que o Senhor exerceu as tarefas de um pai e de uma mãe com o povo. Também outros profetas apresentaram Deus com características materno-paternais: um Deus que consola os filhos que caminham chorando, para que os conduza para as correntezas pelo caminho plano e sem tropeços. (Jeremias 31, 9); um Deus a quem custa repreendê-los: Sim és meu filho querido Efraim, meu pequeno, meu encanto! Cada vez que o repreendo mais viva se torna em mim sua lembrança. E meu coração se comove ao pensar nele. Terei compaixão dele (Jer 31,20). Essa ternura do amor de Deus é expressa de maneira inigualável na figura da mãe: Pode uma mãe esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E, mesmo que ela o esquecesse, eu nunca esqueceria do meu povo. Como a um filho a quem sua mãe consola, assim os consolarei eu (Isaías 66, 13). A paternidade de Deus evocava também uma atenção especial e uma relação de proteção diante daqueles que necessitavam de ajuda e cuidado. Os profetas mostram a predileção de Deus pelos pobres, os pecadores, os órfãos e a viúvas, numa palavra, por todos aqueles que somente podiam esperar a salvação da intervenção amorosa do Pai-Mãe que se preocupa mais com os filhos desprotegidos e abandonados do que com os demais. Salmo 65 (66): Bendito seja Deus que não me retirou seu amor. Os motivos do louvor são o poder soberano de Deus em favor da humanidade, os prodígios que o povo viveu na saída do Egito, a passagem do Mar Vermelho e como se foram rendendo os inimigos. Convidam-se todos os povos a louvar o Senhor, já não pelas ações passadas, mas pelos benefícios à comunidade do salmista que se convertem então em motivos para a ação de graças, perigos e provas ante as quais a comunidade recorre ao Senhor que os escuta. O salmo todo convida a terra inteira, o povo de Israel, e os fiéis a Deus, a louvarem o Senhor e dar graças, porque ele nos salva e nos protege, embora nos deixe passar por fortes provações. Carta aos Gálatas 6, 14-18: Para que ser bem vistos no humano se não posso gloriar-me na cruz de Cristo? A circuncisão era uma mostra clara do cumprimento da Lei, mas Paulo diz aos Gálatas que a salvação não provém da lei, mas de Cristo. Apóia-se na Cruz, sinal de ignomínia para os romanos, os pagãos e os judeus, e que agora é o sinal da vitória e da salvação, e por isso Paulo se gloria nela, como também todos os cristãos, porque da Cruz brota a vida. Circuncidar-se ou não circuncidar-se, não é o importante, mas renascer como nova criatura. O mundo da lei está morto. Já não há diferença entre judeus e pagãos nem entre circuncisos e incircuncisos. A única coisa que conta é o homem novo, capaz de superar a tragédia do pecado e realizar o processo da ressurreição de Jesus, para viver como uma pessoa nova. Lucas 10, 1-12.17-20: Envio dos 72 discípulos. A missão será difícil, realizado no meio da pobreza, sem alforges nem provisões. A missão é urgente e nada pode estorvá-la, por isso não puderam parar para cumprimentar ninguém; tampouco os discípulos devem forçar ninguém para que os escutem, mas é seu dever anunciar a proximidade do Reino. Este modelo de evangelização é sempre atual. Certamente é uma tarefa difícil se se quer ser fiel ao Evangelho de Jesus. Muitas vezes por uma falsa compreensão da inculturação se fazem concessões que vão contra a essência do Evangelho. Quando os discípulos regressam da missão, estão cheios de alegria. Há uma expressão que merece um pouco de atenção: "Até os demônios se submetem a nós em teu nome". Que significado têm os demônios? Uma breve explicação do termo será dada ao final. Jesus manifesta sua alegria porque foram vencidas as forças do mal, porque ele rechaça qualquer forma de domínio e exorta seus discípulos a não se vangloriarem com coisas deste mundo. O importante é ter o nome inscrito no céu, quer dizer, participar das exigências do Reino e viver de acordo com elas (cf. Êxodo 32, 32). Há outro motivo de alegria para bendizer o Pai. Seus discípulos são uma mostra de que o Reino se revela aos simples e humildes. Não são os conhecimentos que permitem ter experiência do Reino, mas a experiência de Deus por meio do contato íntimo com Jesus e seu seguimento. Os demônios e as possessões nos evangelhos Os evangelhos chamavam de possessos aqueles que tinham dentro um daimonion (diminutivo da palavra daimôn). Daimonion aparece freqüentemente nos evangelhos. Contudo, é inteiramente certo que as palavras daimonion, daimôn não têm nenhuma relação etimológica com Satanás ou diabo. O significado mais antigo de daimonion foi o de uma divindade menor. Daí, passou a significar seres intermediários, poderes mágicos impessoais no homem, gênio tutelar. Também significou a voz interior que fala ao homem, guiando-o e aconselhando-o. Platão diz que Sócrates estava inspirado por um demônio. Em geral, a palavra era usada para indicar poderes invisíveis ou desconhecidos, e se aplicava a todo aquele que assustava o ser humano. Naquele tempo, acreditava-se que os demônios podiam causar enfermidades aos homens, má sorte. Essa palavra era empregada para se referir às doenças interiores, cuja causa não era perceptível. Nos evangelhos, a palavra aparece sempre em neutro, como algo impessoal, como um poder ou força misteriosa, como algo daninho, geralmente sem personalidade. "Demônio" nos evangelhos não é um substantivo, mas uma entidade que causa males. Portanto, em vez de traduzir possuídos por "demônios", seria melhor dizer "afligidos por poderes perniciosos e malignos". Vimos adotando essa falsa concepção de possessão diabólica que tantos traumas causou às pessoas e ainda continua causando. No tempo de Jesus, os judeus não chamavam endemoninhados a todos os doentes. Faziam diferença entre os doentes por causas não perceptíveis, internas e os enfermos cuja causa era visível. Por exemplo, a epilepsia e a loucura podiam ter causas orgânicas, cerebrais, mas tais lesões eram internas, não perceptíveis. Algumas paralisias, contudo, podiam ter tido no começo causas psicológicas, mas provocado depois atrofia muscular claramente visível. Neste caso, a paralisia, embora de origem psicológica, nunca se atribuía aos demônios. E a epilepsia, apesar de sua origem orgânica, era considerada como uma possessão. Mas há certas expressões nos evangelhos que dão margem a afirmar que Jesus identiticava demônios e Satanás quando, ao regressarem os discípulos da missão a que tinham sido enviados, disseram ao Senhor com grande satisfação: "até os demônios se nos submetem em teu nome". E ele lhes disse: "Vi Satanás cair do céu como um raio" (Lucas 10, 17s). Segundo muitos autores, esta frase não está em seu contexto. Inclusive, alguns pensam que não estava no texto original de Lucas. Parece que nada tem a ver com a expulsão dos demônios. A literatura judaica não estabelece uma relação entre Satanás e os espíritos imundos ou os demônios causadores de enfermidades. Para os discípulos, Satanás e os demônios são duas coisas distintas. A frase de Jesus tem um significado religioso, profético, da vitória do cristianismo sobre o mal. Os partidários do demônio objetam que se trata de verdadeiros seres, de demônios pessoais. A atitude de Jesus diante dos endemoninhados o confirma, pois em tais casos suas palavras demonstram que se está enfrentando não uma enfermidade, mas uma entidade distinta da do enfermo. Com efeito ele lhes ordena energicamente que abandonem o paciente. Existem três textos: Quando Jesus desce do monte da transfiguração, a fim de exorcizar o epilético, ordenou solenemente ao espírito imundo dizendo-lhe (Marcos 9, 25): "Espírito mudo e surdo, eu te mando, sai do menino e não voltes a entrar nele". Para curar o demente da sinagoga de Cafarnaum, Jesus lhe ordenou: "Cala-te e sai dele" (Marcos 1, 25). O mesmo sucede a respeito do louco furioso de Gerasa. Jesus lhe dizia: "Sai espírito imundo desse homem" (Marcos 5, 8). O que podemos responder a estes exemplos? Em primeiro lugar, é uma excelente tática psicológica acomodar-se à mentalidade do enfermo a fim de, uma vez estabelecida a relação, tirá-lo de seu auto-hipnotismo. O mesmo podemos dizer a propósito da expressão, freqüentemente empregada nos evangelhos: "os demônios saíam dos possessos" (Lucas 4, 41); mas o mesmo se diz a respeito da febre: "deixou-a", ao falar de um doente. "A lepra o deixou", diz-se em outro lugar (Marcos 1, 42). Na realidade, Jesus não foi exorcista nem conferiu a seus dicípulos o poder de exorcizar, quer dizer, não empregou fórmulas especiais para os endemoninhados. Jesus curou e deu a seus apóstolos o poder de curar enfermidades internas e externas. Jesus curou os endemoninhados da mesma maneira que a dos enfermos por causas externas: com sua palavra, por imposição das mãos, com sua presença, e por sua autoridade. Agora se trata de uma mudança de mentalidade. Uma leitura que não levava em conta os avanços da lingüística nos havia dado uma interpretação que não se ajustava à realidade. Os modernos estudos da linguagem do Novo Testamento nos permitem dar seu verdadeiro sentido a expressões que tradicionalmente tinham sido entendidas com outro significado. Para ampliar o tema, consulte o Dicionário KITTEL, tomo 2: Daimon y HAAG, Herbert. El Diablo: sua existencia como problema. Barcelona, Herder, 1978. Págs. 211s. Para revisão de vida Para a reunião de grupo Oração dos Fiéis · Pedimos-te pela Igreja, para que seja reveladora de tua vontade e acolha os simples e humildes como portadores de tua palavra para o mundo de hoje. R/ Pedimos-te, ouvi-nos. Oração comunitária Clique aqui para ver esta página no site do Serviço Bíblico O Serviço Bíblico é contra a prática de SPAM. Você optou por receber nossos e-mails em seu cadastro. Caso não queira mais receber nossos e-mails, envie um e-mail para maciel@avemaria.com.br solicitando o cancelamento. |
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